sexta-feira, 24 de maio de 2013

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

humanizar com o coração


“ A maior doença do ocidente não é a tuberculose nem a lepra; é sermos indesejados, desamados, desassistidos.”

Madre Teresa de Calcutá

Sumário

0 – Introdução

1 - Humanização dos cuidados de saúde

1.1O que é a humanização

2 - Humanização em saúde significa

2.1 A alimentação

2.2 A higiene

2.3 Apoios

2.4 Terapia Religiosa

2.5 Humanizar estruturas

3 - Processos para atingir a humanização

4 - Humanização nas instituições

4.1 Humanizar o espaço

4.2 O cuidador

4.3 Como fomentar a autonomia do idoso institucionalizado

5 - Praticar a humanização

6 - Iniciativas

7 - Conclusão moral

8 - Conclusão

Introdução

Este trabalho foi elaborado no âmbito da disciplina do curso Cozinha e Pastelaria, da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado em Joane.

Para o concretizar procedi a pesquisas inerentes ao trabalho em causa, tendo como objectivo uma análise contextual e global das realidades actuais.

O presente trabalho, pretende caracterizar essencialmente e em forma de estudo, um tema delicado e pertinente, que como tal, é uma contribuição importante para o conhecimento, sensibilização e consciencialização sobre o assunto.

Reflectir sobre as práticas de cuidado e a sua necessidade de humanização, procurando abordar o cuidado ao idoso institucionalizado, de um modo especial na área da saúde.

Intervenientes implicados no acto de cuidar: nomeadamente, o idoso, a família, os cuidadores formais e informais, os técnicos, a estrutura organizacional e a própria comunidade em que o idoso está inserido.

Numa primeira abordagem à questão da humanização, da dor e sofrimento humanos, no contexto dos serviços à saúde, constatámos que passamos por uma profunda crise de humanismo.

Falamos insistentemente de ambientes desumanizados, tecnicamente perfeitos, mas sem alma e ternura Humana.

A pessoa humana vulnerabilizada pela doença deixou de ser o centro das atenções. Situações que comprometem a verdade ética.

Iniciativas diversas, mas todas direccionadas no sentido de colmatar lacunas sociais, um serviço humanitário.

Indicar formas de valorização e humanização das práticas de cuidado e atenção, apresentar pontos de encontro entre a teoria e a prática.

Indicar técnicas de educação para a saúde e a autonomia do idoso.

1 - Humanização dos cuidados de saúde

1.1 - O que é humanização?

Humanização é uma actividade de dimensão humana, gerida pelo coração, sensível às necessidades dos outros. É o relacionamento inter-humano, afectivo e emocional, que tem como prioridade conferir aos outros a dignidade a que têm direito como pessoa humana. É proporcionar-lhes condições de vida, independentemente da sua condição social, económica, política ou religiosa.

* É o comprometimento total e responsável das nossas acções na relação com o outro;

* A humanização é a missão de todos, e de cada um de nós;

* É gostar de si próprio, porque quem não gosta de si dificilmente poderá gostar do “outro”;

* É deixar-se tocar pelo sofrimento humano;

* Expressar sentimentos sinceros;

* É agir com caridade, generosidade e compaixão, considerando a individualidade de cada um;

* Ser leal aos princípios da boa educação, da moral e da ética;

* Essencialmente é a construção de valores morais e éticos, respeito pelas crenças, saberes, deveres e limites da expressão verbal. Sem ética não há humanização.

2 - Humanização em saúde significa:

* O atendimento pessoal sem obrigação ou imposição;

* É dar condições de vida, com toda a dignidade;

* É ter consciência de que essa área cuida de vidas, cada qual com a sua personalidade;

* Ter sempre presente os cuidados básicos: a alimentação, a higiene pessoal e o conforto,

* Minorar o sofrimento do doente e família em várias situações;

* Saber identificar medidas de apoio ao doente, família e equipa de saúde, durante a doença, agonia e até na morte.

Esses apoios podem ser de natureza física, psicológica, emocional ou até espiritual.

2.1 - A alimentação

Assegurar a qualidade e quantidade nutricional aos idosos durante o período de hospitalização, oferecendo dieta equilibrada de fácil mastigação e deglutição. De referir que a apresentação das refeições é fundamental, dar-lhe um toque colorido torna o prato mais atractivo, podendo assim estimular-lhes o apetite, porque “os olhos também comem”.

Não basta fazer a distribuição das refeições, como também acompanhar a tomada das mesmas, acontece que os doentes fragilizados pela doença, ou pela sua reduzida mobilidade, ou ainda pela relutância à comida dos hospitais nem tocam na comida. São por vezes as pessoas de boa vontade, ou algum familiar de outros doentes, que encorajam os pacientes a alimentar-se. Os funcionários vêm levantar os tabuleiros e limitam-se a dizer “ A senhora não comeu nada”. Também a comida das pessoas alimentadas por sonda permanece sobre as mesinhas, até que alguém tardiamente as venha alimentar.

A hora das refeições deve tornar-se num momento agradável e ansiado pelo doente, pode ser um momento único de socialização que proporcione uma agradável troca de palavras e um toque pessoal e humano. Lembro-me de, pela ocasião do meu estágio de Geriatria numa instituição, estava a alimentar uma senhora (utente) e perguntei-lhe "a comida está boa"? (referia-me à temperatura), ela com a vozinha trémula articulou "melhor são as mãos que a metem", - tal frase, pelo seu sentido de emotividade e afectividade nunca irei esquecer.

2.2 - A higiene

O cuidado com a higiene pessoal, consoante as necessidades de cada pessoa e não somente quando está próximo o horário das visitas, para além de ser um direito que lhe assiste (consagrado nos direitos humanos) é fundamental para o bem-estar das mesmas. Também a alegria no acompanhamento das rotinas diárias, nomeadamente, no banho, respectiva hidratação, mudas de roupa e outras, complementa esse bem-estar pessoal.

No acto dos cuidados, não desnudar desnecessariamente a pessoa (expondo-a demasiado), nem fazer comentários pessoais.

2.3 - Apoios

Acolher tanto o paciente como os seus familiares, e se necessário, proporcionar apoio psicológico aos familiares. Preparar a família para situações de choque, como, a de encontrar os seus familiares doentes, submetidos a equipamento médico tão confuso que até receiam tocar-lhes. Doença prolongada ou em fase terminal ou ainda após a morte do seu ente querido. Encorajar os familiares a permanecerem com o paciente como acompanhantes (24 horas), criando condições condignas para a estadia dos mesmos.

Também a presença dos pais junto das crianças, transmite um ambiente feliz à criança, facilitando assim uma melhor adesão aos tratamentos, assim como a motivação para enfrentar a doença.

Em casos de internamento prolongado, favorecer à criança e jovens, meios educacionais e pedagógicos, que possibilitem a continuidade da actividade escolar, assim como aos que requerem educação especial, respeitando sempre as suas diferenças culturais. Proporcionar-lhes sempre um ambiente calmo e agradável. Harmonizar o ambiente hospitalar através de pinturas nas paredes dando cor e vida aos corredores e dependências da Pediatria

Clarificar com uma linguagem simples e de fácil compreensão todos os procedimentos desenvolvidos, no acto da consulta ou tratamentos efectuados. Como fazer no caso dos tratamentos, tomada dos medicamentos, assim como uma explicação cuidadosa da sua doença, sem dramatismos indevidos. Ajudar a pessoa a lidar com a situação. Ainda neste contexto, e no acto da prescrição médica, ter em atenção se a pessoa em causa pode suportar o custo dos medicamentos, e considerar a hipótese de ter outros fármacos mais baratos, com o mesmo efeito.

Ajudar na reabilitação de pessoas dependentes de drogas, ou de álcool, encaminhando-as para os devidos centros de recuperação .

Promover programas de reabilitação onde as famílias dos doentes estejam incluídas. Trabalhos de equipa multidisciplinares sendo estes “médico, enfermeiro, padre, família” a base dessa discussão, deve ser troca de informações entre os diversos membros, que permitam tirar conclusões no sentido de melhorar os serviços.

2.4 - Terapia religiosa

Apoiar o doente nas suas convicções religiosas. A fé consegue atenuar a dor física, é a resignação para o seu sofrimento. Chegando mesmo a atribuir o sucesso da sua cura aos seus Santos e não, ao progresso da medicina.

Prova disso é a notícia recentemente noticiada: “Idosos trocam as famílias, por uma casa o mais perto possível do Santuário de Fátima”. Vão à procura de um apoio espiritual, mas a realidade, por vezes é frustrante, porque continuam cada vez mais sozinhos. A igreja está preocupada com a situação. Na sequência dessa preocupação promoveu um encontro realizado em Fátima, que reuniu 800Agentes da Pastoral da saúde, tendo por tema «Espiritualidade é parte da humanização dos cuidados de saúde».

Na conclusão desse encontro foi lançado um desafio às comunidades cristãs, sobretudo às paróquias, para a necessidade de uma espiritualidade saudável e com qualidade, onde os párocos têm um desempenho fundamental. Ainda nesse âmbito, lançam um pedido às Faculdades e Escolas Superiores que formam profissionais de saúde «pedimos que, nos seus currículos, permitam aos estudantes adquirirem uma noção integral da pessoa humana em que não seja escamoteada a dimensão espiritual, também quando esta se define religiosa» (importante, ler na integra)[1].

2.5 - Humanizar estruturas

Desburocratizar os serviços, dando assim facilidade às pessoas com menos formação, de aceder aos mesmos, ou encaminhá-las com toda a clareza aos respectivos departamentos.

Criar sistemas estruturais de organização de maneira, a que, as pessoas não tenham que permanecer nos serviços de saúde desde as seis horas da manhã, para conseguir consulta para o próprio dia (situações constatadas).

3 - Processos para atingir a humanização

Educar e sensibilizar os profissionais de saúde de todos os níveis, inclusive os estudantes de medicina e de enfermagem para a promoção e o respeito aos direitos dos pacientes e dos seus familiares.

No acto da formação de técnicos de saúde, ou de quaisquer outros serviços, mesmo os menos remunerados, deve haver uma maior consciencialização, para que nunca seja descurada a parte da humanização. O serviço humanitário deve complementar o zelo profissional.

Sensibilizar os pacientes e seus familiares, assim como os restantes intervenientes, funcionários e estrutura organizacional da instituição que, não estando dispensados do seu papel no acto de humanizar, também precisam de formação para o seu melhor desempenho nessa tarefa tão delicada.

Proporcionar às populações, através da comunicação social (TV, folhetos), campanhas de formação e orientação nos cuidados de saúde, alimentação e higiene. A televisão por exemplo: é um veio de comunicabilidade importante na divulgação do que achamos importante. As pessoas vêm cada vez mais televisão e depois já são elas (os espectadores) os promotores dessa difusão, já dizem aos menos atentos «eu ouvi na televisão!» e dizem-no com toda a confiança. Já agora um alerta para a comunicação social, no sentido de não trair essa confiança e de respeita a ética moral, sem ferir susceptibilidades (também é humanizar).

Proporcionar espaços físicos acessíveis, assim como: rampas que facilitem o acesso às cadeiras de rodas, elevadores e outros.

Processos de atendimento eficazes, facultando para isso: caixa de sugestões; questionários; cartas, sondagens, ou via telefone.

Reduzir o tempo de espera nos serviços de saúde.

O bom relacionamento, passa pelo respeito e pela comunicabilidade entre as equipas hierárquicas, para tal, é importante a confiança e interacção entre as equipas, nunca, numa tentativa de querer agradar, desvalorizar ou menosprezar o trabalho do outro.

Acreditar no que fazemos e dizemos.

4 - Humanização nas instituições

A atenção e cuidado ao idoso nas Instituições de longa permanência (ILP) são uma tradição marcante na realidade do envelhecimento em Portugal, esta modalidade de protecção preenche a lacuna aberta pela impossibilidade da família atender às necessidades dos seus idosos, seja pela falta de condições socioeconómicas, que não permitam manter o seu ente no lar junto com a família, quer por exigências e incompatibilidades das sociedades actuais no que se refere à organização laboral e da família, horários complicados.

Quando não existam possibilidades de manutenção que permitam que o idoso esteja junto dos seus familiares, os lares de idosos (ILP), apresentam-se como alternativas que visam compensar e nunca substituir a acção da família, embora actualmente assistamos a um crescente “abandono” por parte das famílias em relação aos seus idosos e familiares. Tendo em conta estas realidades cabe à instituição encontrar medidas de prevenção e intervenção que permitam proporcionar uma prestação de cuidados ao idoso, que vão de encontro à sua individualidade e necessidades, assim como o contacto permanente da família, permitindo ao idoso que se mantenha próximo do seu meio ambiente.

É de máxima importância promover uma inter-acção utente/família, para que a família se consciencialize como é importante a sua presença junto deles.

Promover actividades sociais, religiosas (consoante as suas crenças e culturas), artesanais, educativas, relacionando-as com os seus interesses.

Pela parte negativa, temos situações bem preocupantes. Por vezes verifica-se que mesmo as instituições de apoio social, ditas “sem fins lucrativos”, só se preocupam com a parte material (com a rentabilidade dos serviços), chegando mesmo a cronometrar o tempo, para a execução das tarefas, no tocante aos cuidados físicos, importa aqui lembrar, que a parte “instituição” falha, mas a parte cuidadora (apesar das contrariedades) não tem desculpa para não dar o seu melhor, porque cuidar é tocar, é a delicadeza e a alegria como o faz, até um simples olhar, faz toda a diferença.

4.1 - Humanizar o espaço

Os espaços deviam ser adaptáveis às necessidades abrangentes de todos os possíveis utilizadores a esses serviços, de forma a promover a sua própria independência. Exemplo: identificados de forma a reduzir a sensação de confusão, esquemas de orientação facilmente identificáveis de, quartos, casas de banho, salas de convívio, refeitório, enfermaria e outros.

O ambiente deve ser decorado de forma a parecer atractivo, estimulante e não institucional. A estética e aparência podem contribuir para o idoso criar uma imagem positiva do espaço onde está inserido.

A importância da construção horizontal, de rampas em vez de escadas, com piso antiderrapante, tendo em conta a reduzida mobilidade dos utentes, aliás, este parágrafo é extensível a todos os serviços, inclusive os públicos, onde as pessoas que se movem em cadeiras de rodas, não podem aceder.

O acautelamento de objectos susceptíveis de perigo para os institucionalizados, ou no domicílio.

Ambiente seguro, como por exemplo: não deixar objectos espalhados pelo chão; manter pontos de luz acesos durante a noite; oferecer camas com altura, de maneira a que o institucionalizado possa firmar os pés, antes de se levantar; não trancar as portas com chaves e outros.

A conservação, manutenção, arrumação e limpeza das áreas de instalações e do equipamento requerem uma principal preocupação, não só por questões de higiene, como também para favorecer o bem -estar.

Espaço limpo e arejado: as condições de higiene, onde o primeiro passo, passa por cada um manter o seu local de trabalho o mais limpo possível, é essencialmente aí (instituição/domicílio, ou outro local de trabalho) onde devemos sentir-nos bem, contribuindo assim para que os outros sintam o mesmo.

4.2 - O cuidador

O cuidador deve ter com o idoso uma relação íntima e humana, que, lhe permita criar uma empatia, facilitando assim a descoberta de potenciais muitas vezes encobertos do idoso e, assim sendo, poder desenvolver com ele essas aptidões, fortalecendo a sua auto-estima. Isso não significa necessariamente tornar-se um amigo do paciente, mas sim, fazer com que ele se sinta cuidado, acolhido; de certa forma “amado” e respeitado.

Não mentir de modo a não ser quebrada a confiança entre as partes.

Ser paciente e permitir que o idoso se desenvolva no seu próprio tempo.

Respeitar as suas necessidades individuais de momentos de isolamento, conferindo-lhe esse espaço próprio, não devendo ser interrompido sem autorização.

Deve também confiar na sua própria capacidade de cuidar.

Atenção integral: tendo em conta todas as dimensões inerentes ao ser humano, a dimensão física, psíquica, social e espiritual.

Por vezes verifica-se que o cuidador, confronta

do diariamente com o sofrimento humano, diminui um pouco a sua sensibilidade, tornando os seus procedimentos em mera rotina, daí a necessidade para um alerta permanente da sua consciencialização. Sem nunca se esquecer, de, chamar o paciente pelo nome; utilizar tom de voz calmo, mas de forma a ser ouvido; olhar para o rosto do paciente, quando fala com ele; dirigir-lhe a palavra, sempre que se aproximar do leito, para algum procedimento; examinar o paciente de maneira atenciosa, enfim, mostrar respeito por ele.

Com tudo isto, não podemos desvalorizar o respeito que o prestador de cuidados tem pela sua acção inter-humana, especialmente os que trabalham na área da saúde, porque, estão continuamente expostos a momentos de grande tensão emocional e outras, porque, por vezes, não sabem lidar com situações pontuais. Eles precisam de ter uma grande força psicológica, contudo, não devem transportar os problemas dos seus serviços para o ambiente familiar. Quando não o puderem evitar, deve ser a própria família a compreender e dar apoio, ou esta, na incapacidade para o fazer, procurar ajuda específica.

Essa ajuda pode vir da própria equipa institucional, aquando da sua partilha de vivências e saberes pessoais; actualização de novas ciências no âmbito da sua formação profissional e psicológica, ou ainda, fazendo uma avaliação do seu estado depressivo.

4.3 - Como fomentar a autonomia no idoso institucionalizado?

* Centrar-se no que se pode fazer;

* Prestar atenção às suas capacidades;

* Potenciar as possibilidades e habilidades;

* Verificar quais as coisas que é capaz de fazer ou não na execução de uma determinada tarefa;

* Ajudar nas que não consegue executar e incentivar as que o idoso consegue realizar sozinho;

* Preparar a situação de modo a que seja fácil ser autónomo;

* Ajudar a manter as capacidades à base de rotinas. Ter em conta as preferências da pessoa cuidada;

* Entender que a segurança de uma pessoa cuidada é importante, para promover a autonomia;

* Antes de realizar uma actividade com a pessoa cuidada, pensar nas consequências dessa actividade, para o idoso e para o cuidador;

* Promover a mudança de forma gradual, sem grandes pressas;

* Favorecer a que os idosos realizem actividades da vida diária por eles mesmos. Ex: tomar banho, lavar-se, pentear-se, etc. ….

* Dar oportunidade de exercitar capacidades;

* Reforçar e premiar a autonomia (através de incentivos e elogios);

* Ajudar: verbalmente, a começar a actividade com algo que os ponha à prova;

* Ser persistente e ter sempre presente que as mudanças são lentas.

5 - Praticar a humanização

Humanizar é toda a acção desenvolvida pelos bombeiros, que, mesmo na condição de voluntários, estão pontualmente no terreno, expondo até a própria vida em prole da dos outros.

Instituições locais, ou grupos paroquiais, que, estão sempre atentos às necessidades prementes, ajudam as famílias mais carenciadas, distribuindo-lhes bens essenciais, ou fazendo campanhas de solidariedade para fins específicos (cadeiras de rodas, camas articuladas, até para tratamentos), promovendo ocasionalmente melhores condições de vida a essas pessoas.

Organizações mundiais, que trabalham no sentido de ajudar as vítimas da guerra, fazendo chegar até elas, mantimentos, agasalhos e verbas em dinheiro. Importa lembrar, que, por vezes, essas ajudas não chegam aos seus destinos (casos noticiados), mas isso sim, é uma terrível falta de consciencialização humana, que, deveria ser punida pela lei.

Esses gestos deixam de fazer sentido, quando são utilizados em proveito próprio (para atingir certos fins), ou até para atingir protagonismo.

Os médicos sem fronteiras (os nossos” heróis”) que, longe das suas famílias, tratam pessoas. Fazem-no com poucos ou até nenhuns recursos humanos, sem condições físicas, quase sempre em tendas improvisadas, só contam com a sua abnegação.

Agentes da lei, que em lugar de praticarem o tradicional policiamento, em certas zonas do País, (nomeadamente em lugares mais desertificados) se preocupam em assegurar condições básicas de segurança a pessoas que vivem em situações de maior isolamento, devido, por vezes, aos seus poucos meios de defesa ou pouca mobilidade.

Fazem-no ainda com mais regularidade e especialmente quando ocorre intempéries ou frio intenso, orientando as pessoas no sentido de se protegerem das mesmas. Também mantêm contacto permanente com as pessoas, facultando-lhes um registo no seu telefone para elas poderem recorrer com facilidade. Os pedidos de ajuda são de imediato identificados e a ajuda é prestada, mesmo para situações de assalto ou até de solidão.

6 – Iniciativas

Para ter melhor qualidade de vida, é preciso ter amplos serviços de saúde.

É o caso de uma equipa de Assistência Domiciliar que presta assistência na residência de pessoas acamadas, ou portadoras de doenças crónicas.

É uma equipa multidisciplinar, constituída por um fisioterapeuta, nutricionista e médico.

Esta equipa tem como objectivo, acompanhar, orientar pessoas e familiares nos cuidados de pessoas acamadas, É um serviço humanizado que proporciona aos doentes e seus familiares, melhor conforto, evitando assim a deslocação das pessoas aos serviços de saúde, para os seus tratamentos.

Estão também contempladas neste serviço, as pessoas que recebem alta, mas necessitam de cuidados continuados, podendo esses cuidados ser prestados no seu domicílio, sem nenhum custo adicional.

Tem um atendimento semanal que ensina técnicas, como: aplicação da insulina, verificação dos níveis de glicemia, da pressão arterial, entre outros. No caso das pessoas diabéticas, orienta-as no sentido, de como confeccionar as suas refeições, assim como nas pessoas obesas.

Musica no hospital para esquecer a dor”

É uma notícia que relata que no hospital Garcia da Horta, em Almada, os instrumentos clínicos deram lugar aos musicais, onde crianças, pais e profissionais de saúde fazem parte de uma “orquestra”, tocando melodias duas vezes por semana, para fazer esquecer a dor. Diz ainda, que, de há dois anos para cá, as manhãs de segunda e quinta-feira, tornaram-se mais alegres, graças à iniciativa. Paralelamente fazem distribuição de instrumentos musicais coloridos (feitos com cascas de nozes e outros materiais). Gonçalo (um menino de oito anos), que se encontra internado nesse hospital nos cuidados intensivos de pediatria, mal ouve as vozes dos nossos protagonistas rasga um sorriso, é um momento mágico que o faz esquecer que está no hospital.

De seguida vem um comentário, um tanto irónico. “Comigo a música tem sido agradável “, após ter esperado um ano por uma operação mal sucedida (num hospital público), já lá vão mais dezoito meses e continua à espera para que seja “corrigida a anomalia.

Sensibilidade

Empatia

Ética

Comunicar

Saber ouvir

Afectividade

Doação

Humanizar é aprender a doarmo-nos

”.

7 - Conclusão moral

* Humanizar é uma nova ternura para a vida

* Humanização é promover a proximidade com o outro

* Atravessar a rua para ir dar uma tigela de sopa ao nosso vizinho

* Passar mais tempo com a família e amigos.

* Dizer-lhes sentidamente, que gostamos deles.

* Atender às necessidades dos outros sem pensar nas nossas.

* Ser humilde[2]

8 - Conclusão

Concluo que humanização não é apenas uma questão de mudança das estruturas físicas, mas também e principalmente uma mudança de comportamento e atitudes frente ao paciente e seus familiares.

As mudanças do ambiente físico e logístico são importantes, mas não podem ser consideradas a estrutura principal. A falta de recursos financeiros não deve ser uma desculpa para a inexistência de um programa de humanização.

A família está cada vez mais desintegrada, sem tempo até para os seus próprios filhos e quando têm que “suportar” os seus familiares doentes entram em pânico, porque não sabem como lidar com a situação.

Por vezes, as pessoas não conhecem o vizinho que mora no mesmo prédio, que utiliza a mesma escada de serviço e com quem já uma vez ou outra se cruzou.

Que a dimensão da dor humana é tão profunda que a acção de humanizar é um desafio permanente e continuo, incapaz de dar resposta às necessidades de cada pessoa.

Fala-se de humanização alienada aos direitos humanos, de iniciativas louváveis e outras menos louváveis, mas a conclusão real é que subtilmente se rouba aquilo que é mais precioso à vida humana:

A sua dignidade e a vontade de viver;

A negação de assistência e cuidado que honre a dignidade do ser humano como pessoa.

Em suma: que as “estruturas” humanas são frias, desprovidas de calor humano e muito distantes de atingir os valores base fundamentais à vida.

Que o ser humano independentemente do que aprendeu na sua formação de médico, ou outra formação superior, assim como qualquer cidadão comum, tem tanto para dar...! Que a ajuda que compete a nós dar, é um papel exclusivamente nosso e talvez ninguém a possa dar como nós.